terça-feira, 24 de novembro de 2015

IDENTIFICAÇÃO E REMOÇÃO DE METAIS PESADOS EM EFLUENTES GALVÂNICOS POR PRECIPITAÇÃO QUÍMICA


Bianca Molinari Franco; Giovanna Martins Araújo; Juliana Lury Katayama; Ricardo Rayol; Victor Stephan Dias
Orientador: Profa. Rebeca Piumbato Chaparro

FACULDADES OSWALDO CRUZ
Bacharelado em Química

RESUMO: A galvanoplastia é um processo muito utilizado na indústria química e que ocasiona alguns resíduos tóxicos, chamados de efluentes. Este artigo tem como propósito pesquisar e analisar o processo de tratamento de efluentes gerados na galvanoplastia por meio da precipitação química, que consiste no ajuste do pH para que os metais pesados precipitem e sejam retirados por filtração. É necessário que o tratamento seja eficaz para que possa realizar seu devido descarte dentro dos padrões estabelecidos pela Legislação Ambiental.
Palavras-chave: Galvanoplastia. Efluentes. Precipitação Química.

1  INTRODUÇÃO
A galvanoplastia é um processo químico normalmente usado para limpeza e revestimento metálico de superfícies. A base desse processo são metais e reativos químicos e sua utilização gera resíduos químicos e efluentes, com elevada carga tóxica, que são descartados periodicamente afetando o meio ambiente e a saúde da população, portanto se faz necessário o tratamento destes efluentes para o enquadramento dentro dos padrões estabelecidos pela Legislação Ambiental.
Esse artigo tem como objetivo principal pesquisar e analisar o processo de tratamento de efluentes gerado na galvanoplastia. Por se tratar de um processo muito usado em indústrias existem algumas maneiras de fazer o tratamento, porém a técnica que melhor destaca a química qualitativa é o de precipitação química no qual o estado físico de algumas substâncias é alterado para que estas possam ser removidas posteriormente através da filtração.

2     TRATAMENTO DE EFLUENTES
Galvanoplastia é um tratamento de superfície que consiste em depositar um metal sobre outro. As duas atividades básicas da galvanoplastia para a indústria são: preparação da superfície (limpeza da peça) e a aplicação da camada metálica. Durante o processo são realizados banhos em soluções aquosas e lavagens que geram efluentes líquidos que contem diversos metais pesados, que serão descartados posteriormente.
O processo de galvanoplastia envolve três etapas:
a)   Pré- tratamento: no qual ocorre a retirada de imperfeições e materiais da superfície que pode ser realizado por vários processos como o polimento e decapagem. Após a retirada das imperfeições ficam resíduos do líquido sobre a peça. Para remover esse líquido, utiliza-se a lavagem com água e em alguns casos quando se trata de líquidos com reações diferentes utiliza-se a neutralização.
b)  Revestimento: nessa etapa utiliza a corrente elétrica para que ocorra a deposição eletrolítica. A peça que será revestida deve estar ligada ao polo negativo do gerador, constituindo o cátodo, onde ocorre a deposição do metal.  Existem diversos tipos de banhos de galvanização, mas os mais utilizados são: zinco, cromo, níquel, cobre e cádmio.
c)    Passivação azul brilhante: essa é a etapa final, que tem como finalidade dar um acabamento. E é muito utilizado para a fabricação de utensílios decorativos.
Diversas técnicas podem ser empregadas para o tratamento dos efluentes gerados no processo. Como por exemplo, a ultrafiltração, osmose reversa, troca de íons, coagulação e floculação: porém, uma das mais utilizadas é a precipitação química devido ao baixo custo dos alcalinizantes e a facilidade da operação e manutenção dos equipamentos.
O método consiste no ajuste do pH do meio até valores acima de 9,0 para que os metais pesados se precipitem. Para que isso ocorra são empregados os agentes precipitantes que tornam o meio básico. A equação 1 representa a reação de modo geral.

Equação 1 – reação geral

Mx+(aq) + OH-(aq) → MOH(s)

O metal pesado (M) que será removido, podendo ser Cobre, Ferro, Cromo, Níquel ou Manganês, está solúvel no efluente. Para que possa ser removido, é necessário adicionar o agente precipitante (XOH), que pode ser solução de NaOH, NH4OH, até MgO ou CaO. O agente altera o pH do efluente e reage com o mesmo, formando uma solução insolúvel com o metal pesado (MOH). Após a reação completa, a solução insolúvel é filtrada, sendo removida do efluente.

Algumas indústrias geram efluentes líquidos que contem manganês. Para removê-lo do efluente é adicionado um agente precipitante, como o NaOH. Ao adicionar o agente precipitante, o pH se elevará e ocorrerá à formação de um precipitado de manganês, no caso, hidróxido de manganês, de acordo com a equação 2.

2 NaOH(aq) + Mn2+ (aq) Mn(OH)2(s) + 2 Na+(aq)

Equação 2 – reação de precipitação do íon manganês
 


Outro exemplo que pode ser citado é a remoção do cromo, que normalmente está presente na forma de ácido crômico. Primeiro ele deve ser reduzido de hexavalente para trivalente adicionando um agente redutor, como o metabisulfito de sódio conforme representa a equação 3.

Equação 3 – reação de redução do cromo
4 H2CrO4(aq) + 3 Na2S2O5(aq) + 3 H2SO4(aq) → 2 Cr2(SO4)3(aq) + 3 Na2SO4(aq) + 7 H2O(l)

Como o cromo ainda está em solução é adicionado um agente precipitante como o hidróxido de cálcio. Este processo está representado conforme a equação 4. Após a reação o cromo é depositado no fundo do tanque de reação e descartado na fase sólida.

Equação 4 – reação de precipitação do íon cromo
Cr2(SO4)3(aq) + 3 Ca(OH)2(aq) → 2 Cr(OH)3(s) + 3 CaSO4(aq)

O processo também pode ser feito em apenas um tanque. Por exemplo, em um tanque contendo cobre, zinco e cádmio, adicionamos um hidróxido lentamente. No 1º estágio: o pH é ajustado até que precipite o Cu(OH)2. Este precipitará primeiro, pois precisa de uma concentração mais baixa de íons OH- para precipitar.  No 2º estágio: a concentração de íons OH- aumenta, tornando o meio mais básico até que precipite o Zn(OH)2. E no 3º estágio: mais hidróxido é adicionado, até que precipite o Cd(OH)2. Após a remoção dos metais é necessário à correção do pH para a adequação do descarte, também se deve monitorar o pH, pois os hidróxidos se tornam solúveis quando o pH ultrapassa o ponto ótimo devido ao deslocamento do equilíbrio da reação.
Todo método possui suas desvantagens. A precipitação química pode apresentar reações paralelas, devido à composição química do efluente. Também é necessário estabelecer a dosagem correta do agente precipitante para que não se tenha uma redução na eficiência do tratamento, e acabe formando hidrocomplexos solúveis.

3     CONCLUSÃO
A galvanoplastia é um processo que gera resíduos tóxicos. Portanto se faz necessário o tratamento destes resíduos da forma mais adequada possível, para em seguida realizar seu devido descarte, dentro dos padrões estabelecidos pela Legislação Ambiental.

4   REFERÊNCIAS
COLARES, C. J. G.; SANTANA, E. J.; COLARES, E. C. G.; COSTA O. S. Estudo de Caso do Tratamento de Efluentes Líquidos Gerados no Processo de Galvanoplastia. Universidade Federal de Goiás, 2010.
THEODORO, P. S. Utilização da Eletrocoagulação no Tratamento de Efluentes da Indústria Galvânica. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, 2010.
NETO, A. P.; BRETZ, J. S.; MAGALHÃES, F. S.; MANSUR, M. B.; ROCHA, S. D. F. Alternativas para o Tratamento de Efluentes da Indústria Galvânica. Engenharia Sanitária Ambiental. Vol. 13. Rio de Janeiro, 2008.

VOGEL, A. I. Química Analítica Qualitativa. 5 ed. Mestre Jou, 1981.

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