quarta-feira, 25 de novembro de 2015

CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO DE REAÇÕES NUCLEARES PARA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL

Isabelle Lima; Gabriel Paulo;  Debora Pereira; Vitor Pisani;  Emily Vieira
Orientador: Profa. Rebeca Piumbato Chaparro

FACULDADES OSWALDO CRUZ
Bacharelado em Química

RESUMO: Uma das energias mais limpas e em desenvolvimento do mundo é a energia nuclear, que provém da energia liberada na fissão de um átomo como, por exemplo, o urânio. Para que essa energia seja liberada de forma não espontânea, é necessário a aplicação de técnicas e cuidados na realização dos procedimentos. Com o intuito de determinar de forma quantitativa a energia produzida por esse processo, este trabalho relatou cálculos estequiométricos de reações nucleares, principalmente o da fissão do urânio, os métodos utilizados para isso e o funcionamento de uma usina nuclear brasileira.
Palavras-chave: energia nuclear, cálculo estequiométrico, urânio.
1 INTRODUÇÃO
Energia nuclear é a energia liberada em uma reação nuclear, a qual os processos envolvidos podem ocorrer, em alguns elementos químicos, de forma espontânea, como no urânio. Isso ocorre com elementos que são isótopos e têm a capacidade de se transformarem em outros isótopos. Existem dois tipos de reação nuclear, a fusão, que consiste em juntar dois núcleos atômicos para formar um único outro, e a fissão, que consiste em separar um núcleo atômico para formar outros dois, como em um reator nuclear.
O urânio é considerado um elemento que no estado puro, é um sólido, duro, denso, de cor cinza, instável e muito radioativo.
No Brasil existem atualmente duas usinas nucleares, que estão localizadas no estado do Rio de Janeiro, a Angra 1, que tem potência de 640 megawatts e a Angra 2, que tem a potência 1350 megawatts. Está prevista, para os anos seguintes, a operação da Angra 3, que tem potência de 1405 megawatts. Estas usinas são importantes para a contribuição na geração de energia no Brasil, diminuindo a emissão de gases poluentes na atmosfera. As aplicações da energia nuclear são vastas na indústria, na medicina, na indústria farmacêutica, e na agricultura.
O objetivo deste trabalho é mostrar, com base nos dados da literatura, a aplicação de cálculos estequiométricos nas reações nucleares, para geração de energia elétrica no Brasil.

2 ENRIQUECIMENTO DO URÂNIO – INDUSTRIAS NUCLEARES DO BRASIL (INB)
O minério de urânio contém vários óxidos como UO2, UO3 e U3O8 que são extraídos e purificados para produzir urânio metálico. Para usar o urânio como combustível, é preciso enriquecê-lo, pois o urânio extraído e purificado é uma mistura de 99,3% de U238 e apenas 0,7% de U235. No Brasil, o enriquecimento do urânio é responsabilidade das Indústrias Nucleares do Brasil (INB). Inicialmente o minério de urânio passa por um processo de separação de impurezas e tratamento químico que vai transformá-lo em uma pasta chamada yellowcake (bolo amarelo) que contem 80% de U38. Purifica-se o U38 e reduz-se a UO2 reagindo-o com H2 (reação 1).
U38(s)+ 2H2(g)
3NO2(g) + 2H2O(l)
(reação 1)

Após isso transforma-se o UO2 sólido em UF6 (gasoso)(reação 2 e 3).
UO2(s)+ 4HF(g)
UF4(g) + 2H2O(l)
(reação 2)
UF4(g) + F2(g)
UF6(g)
(reação 3)

Com uma mistura de ­­­­­238UF6 e 235UF6 começa o enriquecimento do urânio obtendo uma mistura de até 98% de urânio-235. Após o enriquecimento produz-se urânio metálico pela reação com cálcio (reação 4).
UF6(g)+3Ca(s)
U(s) + 3CaF2(s)
(reação 4)

3 FUNCIONAMENTO DE UMA USINA NUCLEAR
Dentro de um reator nuclear existem barras de urânio enriquecido, que receberão nêutrons em alta velocidade. Estes rebaterão em paredes de chumbo e em alguma outra substância que irá desacelerar os nêutrons, para que possam atingir os átomos de urânio-235 das barras, que liberarão outros nêutrons para atingir outro átomo e provocar uma reação em cadeia. Os componentes de um reator nuclear são:
·       Combustível, como as barras de urânio-235, mas também podem ser plutônio-239;
·       Moderador, que diminuirá a velocidade dos nêutrons, uma vez que para quebrar o núcleo de urânio-235 o nêutron precisa estar em uma velocidade um pouco mais baixa que a inicial, o moderador fica entre as barras de combustível, preenchendo todo o espaço entre uma barra e outra, podendo ser grafite, água comum ou pesada;
·       Refletor, que refletirá os nêutrons dentro da caixa de reação, ou seja, são as paredes do reator normalmente feitas de grafite. E elas evitarão que os nêutrons saiam do reator e voltem para atingir as barras, assim não é preciso bombardear muitos nêutrons, o que é bastante perigoso;
·       Um sistema de controle, que são barras de cádmio e boro, colocadas no núcleo do reator, onde absorverão os nêutrons em excesso evitando que ocorram reações fora de controle e o reator super aqueça;
·       Sistema de refrigeração, de água comum, pesada, CO2 ou sódio fundido, que retirará o calor do reator e o vapor poderá ser usado para aquecer outro sistema água por meio de um trocador de calor que gerará vapor sob pressão e girará uma turbina para energia elétrica;
·        Sistema de proteção, que isola o reator, como uma blindagem contra partículas externas, podendo ser feitas de aço e concreto.



4 PRODUÇÕES DE UMA USINA
Dentre os principais combustíveis que o Brasil possui como, a madeira, o carvão e o óleo natural, o urânio é o que mais se destaca quanto ao conteúdo energético, conforme mostra a Tabela 1.
Tabela 1: fontes de energia e energia produzidas por 1kg de cada material.
Combustível
Produz cerca de (energia)
1 kg de carvão
3 kW/h
1 m3 de gás natural
6 kW/h
1 kg de urânio natural
Usina nuclear com reator do tipo PWR
60.000 kW/h
Usina nuclear com reator do tipo FBR
3.000.000 kW/h

O Brasil possui uma das maiores reservas de urânio, tendo-se identificado em apenas um quarto de seu território 309 mil toneladas. Dessa forma pode-se determinar a quantidade de energia mínima o Brasil pode produzir:
Considerando o reator do tipo PWR (menor potência), temos.
1 Kg de urânio              → 60.000 kW/h           x = 18.540.000.000.000 kW/h
 309.000.000 Kg de urânio → x
5 REAÇÃO DE FISSÃO DO URANIO
É importante ressaltar que a reação produz 3 nêutrons que serão responsáveis por atingir mais 3 átomos de urânio-235, que por sua vez liberarão 9 nêutrons e assim realizando uma reação em cadeia.
(instável)
(5)

(instável)
(6)

(7)




Para saber a quantidade de nêutrons liberados, é necessário considerar a massa da pastilha de urânio utilizada na reação. Sabendo que cada pastilha tem 1 cm de altura e raio 0,5 cm é possível encontrar sua área e respectivamente seu volume:


Área = πr2
Área = 3,14 x (0,5) ²
Área = 0,785 cm²

Volume = Área x altura
Volume = 0,785 x 1
Volume = 0,785 cm³


Sabendo que a densidade da pastilha é de 10,63 g/cm³, é possível encontrar sua massa:
d = m/V
10,63 = m/0,785
m = 8,344g

Essa massa corresponde a 100% de pureza do urânio-235, no entanto as indústrias utilizam até 3,75% de pureza deste material, dessa forma tem-se:
8,344g → 100%                  x = 0,3129g de
x g    3,75%
A partir daí podemos encontrar o número de nêutrons liberados:
1 mol de → 235g                                 x = 0,00133 mol de
x mol    → 0,3129g

1 mol de → 3 mol de nêutrons            x = 0,00399 mol de nêutrons
0,00133 mol  → x mol de nêutrons

1 mol de → 6,02x10²³ nêutrons        x = 2,4x 10²¹ nêutrons liberados
0,00399 mol →  x mol de nêutrons

6 CONCLUSÃO
A partir dos estudos feitos com o artigo realizado, foi possível entender o que é energia nuclear bem como funcionam suas usinas, além de estudar diferentes reações nucleares, e a partir dessa, como a da fissão do urânio, calcular quantos nêutrons são liberadas para a produção de energia.
7 REFERÊNCIAS
ANEEL. Energia no Brasil e no mundo. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/arquivos/pdf/atlas_par1_cap2.pdf>. Acesso em: 15 de set, de 2015;
BRITANNICA. Uranium-235. Disponível em: <http://www.britannica.com/science/uranium-235>. Acesso em: 19 de set, de 2015.
EN.WIKIPEDIA. Uranium. Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Uranium-235>. Acesso em: 19 de set, de 2015;
IGNATIUS. Radioatividade. Disponível em: <http://www2.ignatius.edu/faculty/decarlo/SurfacePower/Pages/RadioactivityLesson.htm>. Acesso em: 19 de set, de 2015;
R. Feltre, química, vol. 2, cap. 10, reações nucleares, ed. Moderna, 6ª edição, São Paulo, 2014;

SCIELO. Marcos da história da radioatividade e tendências atuais. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/qn/v30n1/18.pdf>. Acesso em: 15 de set. de 2015.

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