CÁLCULO
ESTEQUIOMÉTRICO DE REAÇÕES NUCLEARES PARA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL
Isabelle Lima; Gabriel
Paulo; Debora Pereira; Vitor Pisani; Emily Vieira
Orientador: Profa.
Rebeca Piumbato Chaparro
FACULDADES
OSWALDO CRUZ
Bacharelado
em Química
RESUMO: Uma das energias mais limpas e em desenvolvimento do
mundo é a energia nuclear, que provém da energia liberada na fissão de um átomo
como, por exemplo, o urânio. Para que essa energia seja liberada de forma não
espontânea, é necessário a aplicação de técnicas e cuidados na realização dos
procedimentos. Com o intuito de determinar de forma quantitativa a energia
produzida por esse processo, este trabalho relatou cálculos estequiométricos de
reações nucleares, principalmente o da fissão do urânio, os métodos utilizados
para isso e o funcionamento de uma usina nuclear brasileira.
Palavras-chave: energia nuclear, cálculo estequiométrico, urânio.
1 INTRODUÇÃO
Energia nuclear é a energia liberada em
uma reação nuclear, a qual os processos envolvidos podem ocorrer, em alguns
elementos químicos, de forma espontânea, como no urânio. Isso ocorre com
elementos que são isótopos e têm a capacidade de se transformarem em outros
isótopos. Existem dois tipos de reação nuclear, a fusão, que consiste em juntar
dois núcleos atômicos para formar um único outro, e a fissão, que consiste em
separar um núcleo atômico para formar outros dois, como em um reator nuclear.
O urânio é considerado um elemento que
no estado puro, é um sólido, duro, denso, de cor cinza, instável e muito
radioativo.
No Brasil existem atualmente duas usinas
nucleares, que estão localizadas no estado do Rio de Janeiro, a Angra 1, que
tem potência de 640 megawatts e a Angra 2, que tem a potência 1350 megawatts. Está
prevista, para os anos seguintes, a operação da Angra 3, que tem potência de
1405 megawatts. Estas usinas são importantes para a contribuição na geração de
energia no Brasil, diminuindo a emissão de gases poluentes na atmosfera. As
aplicações da energia nuclear são vastas na indústria, na medicina, na
indústria farmacêutica, e na agricultura.
O objetivo deste trabalho é mostrar, com
base nos dados da literatura, a aplicação de cálculos estequiométricos nas
reações nucleares, para geração de energia elétrica no Brasil.
2 ENRIQUECIMENTO
DO URÂNIO – INDUSTRIAS NUCLEARES DO BRASIL (INB)
O minério de urânio contém vários óxidos como UO2,
UO3 e U3O8 que são extraídos e purificados para
produzir urânio metálico. Para usar o urânio como combustível, é preciso
enriquecê-lo, pois o urânio extraído e purificado é uma mistura de 99,3% de U238
e apenas 0,7% de U235. No Brasil, o enriquecimento do urânio é
responsabilidade das Indústrias Nucleares do Brasil (INB). Inicialmente o
minério de urânio passa por um processo de separação de impurezas e tratamento
químico que vai transformá-lo em uma pasta chamada yellowcake (bolo amarelo) que contem 80% de U3O8. Purifica-se
o U3O8 e reduz-se a UO2 reagindo-o com H2
(reação 1).
U3O8(s)+ 2H2(g)
|
→
|
3NO2(g) + 2H2O(l)
|
(reação 1)
|
Após isso transforma-se o UO2 sólido em
UF6 (gasoso)(reação 2 e 3).
UO2(s)+ 4HF(g)
|
→
|
UF4(g) + 2H2O(l)
|
(reação 2)
|
UF4(g) + F2(g)
|
→
|
UF6(g)
|
(reação 3)
|
Com uma mistura de 238UF6
e 235UF6 começa o enriquecimento do urânio obtendo uma
mistura de até 98% de urânio-235. Após o enriquecimento produz-se urânio metálico
pela reação com cálcio (reação 4).
UF6(g)+3Ca(s)
|
→
|
U(s) + 3CaF2(s)
|
(reação 4)
|
3 FUNCIONAMENTO DE UMA USINA NUCLEAR
Dentro de um reator nuclear existem
barras de urânio enriquecido, que receberão nêutrons em alta velocidade. Estes
rebaterão em paredes de chumbo e em alguma outra substância que irá desacelerar
os nêutrons, para que possam atingir os átomos de urânio-235 das barras, que
liberarão outros nêutrons para atingir outro átomo e provocar uma reação em
cadeia. Os componentes de um reator nuclear são:
·
Combustível, como as barras de
urânio-235, mas também podem ser plutônio-239;
· Moderador, que diminuirá a velocidade dos nêutrons, uma vez que para
quebrar o núcleo de urânio-235 o nêutron precisa estar em uma velocidade um
pouco mais baixa que a inicial, o moderador fica entre as barras de
combustível, preenchendo todo o espaço entre uma barra e outra, podendo ser
grafite, água comum ou pesada;
· Refletor, que refletirá os nêutrons dentro da caixa de reação, ou seja,
são as paredes do reator normalmente feitas de grafite. E elas evitarão que os
nêutrons saiam do reator e voltem para atingir as barras, assim não é preciso
bombardear muitos nêutrons, o que é bastante perigoso;
· Um sistema de controle, que são barras de cádmio e boro, colocadas no
núcleo do reator, onde absorverão os nêutrons em excesso evitando que ocorram
reações fora de controle e o reator super aqueça;
· Sistema de refrigeração, de água comum, pesada, CO2 ou sódio
fundido, que retirará o calor do reator e o vapor poderá ser usado para aquecer
outro sistema água por meio de um trocador de calor que gerará vapor sob
pressão e girará uma turbina para energia elétrica;
·
Sistema de proteção, que isola o reator,
como uma blindagem contra partículas externas, podendo ser feitas de aço e
concreto.
4 PRODUÇÕES DE UMA USINA
Dentre os principais combustíveis que o Brasil
possui como, a madeira, o carvão e o óleo natural, o urânio é o que mais se
destaca quanto ao conteúdo energético, conforme mostra a Tabela 1.
Tabela 1: fontes de
energia e energia produzidas por 1kg de cada material.
Combustível
|
Produz cerca de (energia)
|
|
1 kg de carvão
|
3 kW/h
|
|
1 m3 de gás natural
|
6 kW/h
|
|
1 kg de urânio natural
|
Usina nuclear com reator do tipo
PWR
|
60.000 kW/h
|
Usina nuclear com
reator do tipo FBR
|
3.000.000 kW/h
|
O Brasil possui uma das maiores reservas de urânio,
tendo-se identificado em apenas um quarto de seu território 309 mil toneladas.
Dessa forma pode-se determinar a quantidade de energia mínima o Brasil pode
produzir:
Considerando
o reator do tipo PWR (menor potência), temos.
1
Kg de urânio → 60.000 kW/h
x = 18.540.000.000.000 kW/h
309.000.000 Kg de urânio → x
5 REAÇÃO
DE FISSÃO DO URANIO
É
importante ressaltar que a reação produz 3 nêutrons que serão responsáveis por
atingir mais 3 átomos de urânio-235, que por sua vez liberarão 9 nêutrons e
assim realizando uma reação em cadeia.
|
→
|
(instável)
|
(5)
|
(instável)
|
→
|
|
(6)
|
|
→
|
|
(7)
|
|
|
|
|
Para
saber a quantidade de nêutrons liberados, é necessário considerar a massa da
pastilha de urânio utilizada na reação. Sabendo que cada pastilha tem 1 cm de
altura e raio 0,5 cm é possível encontrar sua área e respectivamente seu
volume:
Área
= πr2
Área
= 3,14 x (0,5) ²
Área
= 0,785 cm²
Volume
= Área x altura
Volume
= 0,785 x 1
Volume
= 0,785 cm³
Sabendo que a densidade da pastilha é de
10,63 g/cm³, é possível encontrar sua massa:
d
= m/V
10,63
= m/0,785
m
= 8,344g
Essa massa corresponde a 100% de pureza
do urânio-235,
no entanto as indústrias utilizam até 3,75% de pureza deste material, dessa
forma tem-se:
8,344g → 100% x = 0,3129g de
x g → 3,75%
A partir daí podemos encontrar o número
de nêutrons liberados:
1 mol de → 235g x = 0,00133
mol de
x mol → 0,3129g
1 mol de → 3 mol de nêutrons x = 0,00399 mol de nêutrons
0,00133 mol → x mol de
nêutrons
1 mol de → 6,02x10²³ nêutrons x = 2,4x 10²¹ nêutrons liberados
0,00399 mol
→ x mol de nêutrons
6 CONCLUSÃO
A partir
dos estudos feitos com o artigo realizado, foi possível entender o que é
energia nuclear bem como funcionam suas usinas, além de estudar diferentes
reações nucleares, e a partir dessa, como a da fissão do urânio, calcular
quantos nêutrons são liberadas para a produção de energia.
7 REFERÊNCIAS
ANEEL. Energia no Brasil e no
mundo. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/arquivos/pdf/atlas_par1_cap2.pdf>.
Acesso em: 15 de set, de 2015;
BRITANNICA.
Uranium-235. Disponível em: <http://www.britannica.com/science/uranium-235>.
Acesso em: 19 de set, de 2015.
EN.WIKIPEDIA. Uranium. Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Uranium-235>. Acesso
em: 19 de set, de 2015;
IGNATIUS.
Radioatividade. Disponível em: <http://www2.ignatius.edu/faculty/decarlo/SurfacePower/Pages/RadioactivityLesson.htm>.
Acesso em: 19 de set, de 2015;
R.
Feltre, química, vol. 2, cap. 10, reações nucleares, ed. Moderna, 6ª edição,
São Paulo, 2014;
SCIELO. Marcos da história da
radioatividade e tendências atuais. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/qn/v30n1/18.pdf>.
Acesso em: 15 de set. de 2015.
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