quarta-feira, 25 de novembro de 2015

APLICAÇÃO DA ESTEQUIOMETRIA NA PRODUÇÃO DO CARBONATO DE SÓDIO A PARTIR DO MÉTODO SOLVAY

Guilherme Bastos Cândido, Graziele Souto da Silva, Camila Gonzaga
Orientador: Profa. Rebeca Piumbato Chaparro

FACULDADES OSWALDO CRUZ
Bacharelado e Licenciatura em Química

RESUMO: Este trabalho aborda a produção do carbonato de sódio através do método Solvay. Ele leva como objetivo a aplicação da estequiometria baseando-se nas equações do processo e, tomando uma massa inicial de reagente como base, definiu-se o rendimento final. Também foi explorada a aplicação industrial do produto e disserta-se sobre a criação do processo de Ernest Solvay.
PALAVRAS-CHAVE: Carbonato de sódio, Solvay, Barrilha, Produção.
 1 INTRODUÇÃO
O carbonato de sódio (barrilha) é um sal branco e translúcido, usado principalmente na produção de vidro, tratamento de água, produtos domésticos, neutralização de ácidos etc. Existem vários tipos de produção da barrilha. Um dos métodos mais reconhecidos é o processo Solvay, por ser eficaz e financeiramente econômico. Neste processo são essenciais os conhecimentos em cálculos estequiométricos, para definir as perdas e porcentagens de impurezas que ocorrem.
O objetivo do artigo é definir o rendimento final do processo a partir dos cálculos, utilizando uma massa inicial de reagente como base.
2 CARBONATO DE SÓDIO E O MÉTODO SOLVAY
2.1 CARBONATO DE SÓDIO - PANORAMA GERAL
O Carbonato de Sódio hoje é largamente utilizado em múltiplos campos da indústria (Figura 1). Dada sua importância, este produto é produzido em grande volume no mundo todo, sendo seus principais produtores China e Estados Unidos, seguidos por Rússia, Índia e Alemanha.
Até meados do século XVIII, sua obtenção se dava a partir da extração de cinzas de plantas carbonizadas, porém a demanda era alta e se tornava cada vez mais necessária a criação de um novo método. Em 1791, surgiu uma solução, dada por Nicolas Leblanc, o Processo Leblanc, que consistia em produzir o carbonato de sódio através de sal do mar, ácido sulfúrico e carbonato de cálcio. Este método foi amplamente utilizado em escala global, porém, devido à elevada poluição gerada, novamente surge a necessidade de um novo método.
Em 1864, químico Ernest Solvay desenvolveu o reconhecido Processo Solvay. Conseguiu capital e, com seu irmão, abriu a primeira indústria a utilizar este processo. Em vários lugares do mundo, o processo Solvay continua, entretanto, em uso, sendo responsável por cerca de 70% do suprimento mundial de barrilha. O grupo Solvay tem oito fábricas europeias que ainda utilizam esse processo. No Brasil, o processo é utilizado, para produzir barrilha a partir do sal marinho e do calcário, pela empresa Álcalis, em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro, que produz até 220 mil t/ano.
Figura 1: Destino das vendas internas de Na2CO3 da empresa Álcalis em 2000.
2.2 PRODUÇÃO DA BARRILHA - MÉTODO SOLVAY
O processo Solvay consiste em bombear CO2 na parte inferior de uma torre, enquanto uma salmoura saturada com amônia é introduzida pelo topo. Na primeira etapa a solução de NaCl (salmoura) é saturada de NH3 (amônia), assim, além dos íons de sódio e cloro, são formados na solução o NH4+ (amônio) e hidroxila.
Em seguida, injeta-se CO2, de modo que são desencadeadas diversas reações, até a formação do NaHCO3 (bicarbonato de sódio) que é um sólido precipitado. O sólido que se forma é separado por filtração e contém NaHCO3 em cerca de 76%.  Este processo é mostrado pelas equações I a VI.
Finalmente, ocorre a decomposição térmica deste material, produzindo carbonato de sódio, Na2CO3, o produto final, (equação VI).
NH3(g) + H2O(l) à NH4OH(aq)                                            (equação I)
CO2(g) + H2O(l) à H2CO3 (aq)                                                                   (equação II)
2NH4OH(aq) + H2CO3(aq) à (NH4)2CO3(aq) + 2H2O(l)         (equação III)
(NH4)2CO3(aq) + CO2(g) + H2O(aq) à 2NH4HCO3 (aq)              (equação IV)
NH4HCO3(aq) + NaCl(aq) à NaHCO3(aq) + NH4Cl(aq)          (equação V)
2NaHCO3(aq) à Na2CO3(aq) + CO2(g) + H2O(l)                  (equação VI )





3 CÁLCULOS ESTEQUIOMÉTRICOS

Considerando que neste processo foram utilizados 2 Kg de amônia:
NH3 + H2O àNH4OH  (l)
1 mol de NH3 ------------ 1 mol de NH4OH
17,04 g de NH3----------- 35,01 de NH4OH
2000 g de NH3------------ X
                          X= 4109,15 g de NH4OH
2NH4OH + CO2  à (NH4)2CO3 (llI)
2 mol de 2NH4OH---------------------------- 1 mol de (NH4)2CO3
2x33,01 g de NH4OH------------------------- 96,03 g de (NH4)2CO3
4109,15 g de NH4OH-------------------------   X
                           X= 5977 g de (NH4)2CO3
(NH4)2CO3 + CO2 + H2O à 2NH4HCO3 (lV)
1 mol de (NH4)2CO3--- ----------------------------- 2 mol de 2NH4HCO3
96,03 g de (NH4)2CO3 ------------------------------ 2x79,02 g de NH4HCO3
5977 g de (NH4)2CO3-------------------------------  X
                           X= 9834,7 g de NH4HCO3
NH4HCO3 + NaCl à NH4Cl + NaHCO3 (V)
1mol de NH4HCO3------------------------------- 1 mol de NaHCO3
79,02 g de NH4HCO3---------------------------- 84,01 g de NaHCO3
9834,7 g de NH4HCO3--------------------------     X
                          X= 10455,7 g de NaHCO3
NH4HCO3  à Na2CO3 + CO2 + H2O  (VI)
2 mol de NH4HCO3  ------------------- 1 mol de Na2CO3
2x84,01 de NH4HCO3 ----------------- 106,01 g de Na2CO3
10455,7 g de NaHCO3-----------------  X
                 X= 6596,7 g de  Na2CO3
Na última etapa do processo (equação VI), segundo o artigo realizado por alunos do Instituto de Química da USP [1], há um rendimento de 76% de Na2CO3, então para que se obtenha o resulta final, em massa, é necessário calcular o rendimento.
Rendimento
6596,7 g de Na2CO3-------- 100%
                            X  ---------76%
  X=5013,5 g de Na2CO3
4 CONCLUSÃO
Portanto, com a aplicação de cálculos estequiométricos na produção do carbonato de sódio observamos que, através do Processo Solvay, há uma alternativa mais limpa, barata e que permite uma produção industrial em grande volume, tornando-o mais favorável em todos os aspectos, tanto econômico quanto ambiental.

5 REFERÊNCIAS
[1] Adriano L. de Araújo, Carlos A. Neves, Ana Maria C. Ferreira e Koiti Araki. Instituto de Química – USP, São Paulo. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/qn/v21n1/3478.pdf.
Acesso em: outubro de 2015.
Atkins, P, Princípios de Química – questionando a vida e o meio ambiente. Ed. Bookman,2001.
Arquivo da tag. Industria da química. Disponível em: http://aspiracoesquimicas.net/tag/industria-quimica/. Acesso em: Outubro de 2015.

Alessandra de Souza Maia e Viktoria Klara Lakatos Osorio. Decomposição térmica do bicarbonato de sódio. Instituto de Química-UPS, São Paulo. Disponível  em: http://www.scielo.br/pdf/qn/v26n4/16446.pdf. Acesso em: outubro de 2015



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